domingo, 15 de setembro de 2013

ANÁLISE DE “A ÚLTIMA CEIA”, DE LEONARDO DA VINCI


A OBRA – A Última Ceia (em italiano L'Ultima Cena e também Il Cenacolo) é um afresco de Leonardo da
Vinci para a igreja de seu protetor, o Duque Lodovico Sforza. Representa a cena da última ceia de Jesus com os apóstolos, antes de ser preso e crucificado como descreve a Bíblia. É um dos maiores bens conhecidos e estimados do mundo.

O trabalho se encontra no convento de Santa Maria delle Grazie em Milão que o Duque mandou
construir para, entre outras coisas, servir de lugar para sepultar seus familiares. O tema era uma tradição
para refeitórios, mas a interpretação de Leonardo deu um maior realismo e profundidade ao lugar.

Leonardo da Vinci passou grande parte destes três anos dando atenção integral a esta pintura o que
era fato raro para um pintor versátil e do seu quilate, sofrendo ela agressões ao longo do tempo desde a
abertura de uma porta pelos padres até ao bombardeio aéreo na Segunda Guerra Mundial.

Esta obra de Leonardo da Vinci talvez seja a imagem cristã mais difundida da história. Segundo
Leonardo, o objetivo era retratar a 'intenção da alma humana' através dos gestos e membros dos
personagens, isto é, mais do que expressar os estados emocionais, retratar a vida interior de cada um dos
apóstolos. Para conseguir este objetivo, consta que o artista percorria as ruas da cidade, inclusive as prisões, em busca dos rostos cuja expressividade lhe parecia ser adequada para cada um dos apóstolos.

A TÉCNICA – Parcialmente pintada na forma tradicional de um afresco com pigmentos misturados com gema de ovo ao reboco úmido incluindo também um veículo de óleo ou verniz. Da Vinci testou uma nova técnica à solução das tintas com predominância da têmpera, não sendo muito feliz.


A DESCRIÇÃO DA PINTURA – Quando Leonardo escolheu esta pintura, que está baseada em João 13:21, no qual Jesus anuncia aos doze apóstolos que alguém, entre eles, o trairia. Esta pintura, na história evangélica, é considerada a mais dramática de todas.Cristo posiciona-se ao centro da composição, e para ele convergem linhas em perspectiva da sala. Ele parece resignado, enquanto os apóstolos debatem-se, como se houvera sido o momento exato em que ele revela que um deles o trairá. Dispostos em grupos de três, cada um reage à afirmação segundo suas disposições. A figura de Judas sempre havia sido um problema compositivo a todos os artistas que pintaram esta cena, pois era equivocado representar o traidor do Salvador junto aos outros apóstolos. Ao mesmo tempo em que fazia parte da ceia, devia ser excluído do convívio dos apóstolos.

OS PERSONAGENS – Os apóstolos se agrupam em quatro grupos de três, deixando Cristo relativamente
isolado ao centro. Da esquerda para a direita (do ponto de vista de quem está diante da pintura), segundo as cabeças, estão no primeiro grupo: Bartolomeu, Tiago Menor e André; no segundo grupo Judas
Iscariotes (cabelo branco inclinado sobre João, único imberbe do grupo), Simão Pedro e João; Cristo ao
centro; Tomé, Tiago Maior e Filipe (este também imberbe) e no quarto grupo estão Mateus (aparentemente
com barba rala), Judas Tadeu e Simão Cananeu também chamado de Simão, o Zelote, por último. Estas
identificações provêm de um manuscrito autógrafo de Leonardo encontrado no século XIX. Cogita-se que o rosto de Judas representado na pintura retrataria Girolamo Savonarola, padre Dominicano que
governou Florença e que foi executado por ordem do Papa Alexandre VI em 1498.


DA VINCI X CASTAGNO – Outros artistas, como Andrea del Castagno haviam resolvido o problema teológico com a separação espacial de Judas do grupo, o único posicionado de costas para o observador. Isto o identificava ao mesmo tempo em que o excluía dos outros. Na Última Ceia de Leonardo, Judas é misturado aos outros apóstolos, e apenas seu perfil sinistro e rancoroso sugere ali estar sua pessoa.



ANÁLISE DA TELA A PRIMAVERA, DE SANDRO BOTTICELLI

De influência romana, o quadro A Primavera, de Sandro Botticelli compõe a cena que representa o
império de Vênus (no centro da imagem), no qual penetram o amor e a primavera com a sua abundância de
flores. Existem representadas neste quadro, perto de quinhentas espécies de plantas, das quais, cento e
noventa são flores.

O TEMA – O quadro A Primavera corresponde a uma pintura que representa e festeja a chegada da
primavera. No meio do bosque das laranjeiras surge sobre um prado Vênus, a deusa do amor, por cima da
qual o seu filho Eros atira as suas flechas de amor, com os olhos vendados.

A DISPOSIÇÃO DAS IMAGENS – Soberana do bosque, Vênus encontra-se um pouco atrás. A atitude e o movimento das personagens demonstram uma harmoniosa unidade entre o homem e a natureza. As
laranjeiras crescem erectas, as personagens estão de pé numa atitude elegante. Por cima de Vênus, as
laranjeiras se fecham em semicírculo, como uma auréola que circunda a deusa, principal personagem do
quadro.

A INSPIRAÇÃO - O lirismo também terá servido de inspiração a Botticelli e assim, surge a divindade de
Zéfiro, brisa que banha as planícies de orvalho, as cobre de doces perfumes e veste a terra de inúmeras
flores. Esta personagem está representada à direita do quadro sob a forma de um ser alado, azul
esverdeado.

A COMPOSIÇÃO – Nesta composição as intenções do deus do vento não se circunscrevem a brindar a
natureza, mas revelam alguma agressividade que se apercebe pelo movimento das árvores e folhagem. É
que Zéfiro persegue uma ninfa com vestes transparentes e que olha para o deus com horror. Da sua boca
caem flores e misturam-se com as que decoram o vestido de uma outra personagem que avança ao lado
dela. Esta nova personagem tira do regaço uma mão cheia de rosas que deita no jardim.

OS PERSONAGENS
FLORA – é a personagem proveniente um texto da Antiguidade atribuído a Ovídio. O poeta descreve aí o princípio da Primavera como o momento em que a ninfa CLÓRIS se transforma em
FLORA, a deusa das flores: “Eu era Clóris a quem hoje chamam Flora”. É assim que a ninfa começa a sua
narrativa, enquanto da boca lhe escapam algumas flores.
ZÉFIRO – Zéfiro terá sido arrebatado pela paixão e tomado a ninfa à força para sua mulher. Mas
depois de se arrepender, transformou-a em deusa das flores, rainha da Primavera.
AS GRAÇAS – Do lado esquerdo, vemos as três Graças, dançando numa roda cheia de encanto.
MERCÚRIO – A seguir a elas está Mercúrio, o mensageiro dos deuses, que fecha o quadro à
esquerda. Reconhecemo-lo pelas suas sandálias aladas e o caduceu que tem na mão direita. A presença do
sabre que Mercúrio transporta, demonstra a sua função de guardião do bosque.